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quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

A FÉ em DEUS supera tudo

A superação pela fé

Como a esperança de renovação simbolizada pelo Natal dá forças para enfrentar tragédias pessoais

ENTRE NÓS
Entrada do Cristo em Jerusalém, de Flandrin. A imagem simboliza a fé


Quando os cristãos passaram a celebrar o Natal, instituído pelo papa Libério no ano 354, tomaram emprestada uma data já cultuada em celebrações pagãs. O solstício de inverno, a noite mais longa do ano no Hemisfério Norte, era festejado havia séculos. Entre os persas, comemorava-se o “nascimento do deus sol invencível” – ou Mitra, divindade que, segundo a mitologia, teria se aliado ao astro rei para garantir luz e calor na Terra.

No solstício, tem-se a impressão de que o Sol será vencido. Mas ele ressurge, invencível. No Império Romano, a Saturnália começava em 17 de dezembro e durava 12 dias. Havia grandes jantares, enfeitavam-se as árvores e trocavam-se presentes – símbolos de uma prosperidade vindoura. Ao cristianizar as festas pagãs, a Igreja Católica adotou o dia 25 de dezembro como o do nascimento de Jesus, identificando Cristo com o Sol que os pagãos veneravam.

A idéia associada ao Natal é que o menino Jesus ilumina as pessoas que estão na penumbra, na escuridão, diz Fernando Altemeyer, professor de Teologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo: “Quando as pessoas encontram o amor de Deus, as coisas mais difíceis podem ser amenizadas. Assim, elas podem conseguir reconstruir a sua vida”.

Ao associar a esperança de prosperidade dos cultos pagãos ao nascimento de Cristo e aos ensinamentos que ele deixou, o Natal se converteu numa data carregada de simbologias ligadas à vida, à fé e à perseverança.

A cena reproduzida nesta página, pintada no século XIX pelo francês Jean-Hyppolite Flandrin (1809–1864) na capela de St. Germain-des-Prés, em Paris, transmite essa idéia. Ela mostra a chegada do Cristo a Jerusalém, evento que teria sido previsto pelo profeta Zacarias. Segundo o Antigo Testamento, o Messias entraria em Jerusalém para as festas de Páscoa em cima de um jumento. Jesus é então reconhecido rei, o rei do reino dos céus. É uma comemoração da Paixão.

Durante os primeiros séculos, a Igreja Católica só festejou a Paixão de Cristo na Páscoa. Com o tempo, ficou claro que, para confirmar a ressurreição, era importante celebrar também o nascimento de Jesus. Foi assim que, a partir do século IV, o Natal se tornou a data fundamental do calendário religioso dos católicos. De lá para cá, ela evoca a transcendência fundamentada na crença de que Deus se fez homem para salvar a humanidade. O Natal é o momento em que Deus se “rebaixa” para erguer e resgatar a humanidade.

Para quem viveu uma situação dramática, a chegada do Natal traz a perspectiva de novos sentidos onde só havia escuridão. “Até mesmo uma mãe que perdeu um filho pode perceber o apoio que recebeu das pessoas que jamais imaginou que iriam confortá-la”, afirma o teólogo Altemeyer. Mãe da menina Isabella, que morreu assassinada aos 5 anos, em março, no crime que mais chocou a sociedade brasileira em 2008, Ana Carolina de Oliveira vive o desafio de seguir em frente depois da tragédia. Isso exige uma fé em permanente renovação. “Não tenho como não lembrar dos momentos tão especiais de cumplicidade”, diz Ana Carolina. “Isso me faz muita falta. Eu sempre gostei do Natal e passava todos esses momentos com a minha filha. Montávamos a árvore, escrevíamos a cartinha do Papai Noel. Tentava mostrar para ela o verdadeiro espírito do Natal, nada material, e sim a história do menino Jesus. Imaginar que não tenho mais essas coisas me deixa muito triste.”

Ana Carolina diz que o apoio familiar, as sessões de terapia e sobretudo a fé a ajudam a seguir em frente. “Quando o indivíduo tem religião e acredita que aquela era a hora em que o ente querido tinha de morrer, costuma se recuperar com mais facilidade”, diz Valéria Tinoco, psicóloga de um instituto paulistano especializado em luto. “Elaborar o luto não é sofrer mais. É pensar em projetos futuros, em relações com pessoas novas. É dar mais espaço para a vida do que para a tristeza. Enquanto se está de luto, a vida deixa de ser interessante. Quando a vida volta, a dor pode coexistir. A dor existe, mas ela não é única.”

Assim como a fé, a capacidade de superação deriva do que alguns filósofos chamam de “transcendência”. “Em nossa sociedade, a fé é importante porque, entre outros fatores, ela expressa que as coisas podem ser diferentes e que não é adequado adotar uma postura de resignação diante dos desafios”, afirma o teólogo e filósofo Pedro Lima Vasconcellos, presidente da Associação Brasileira de Pesquisa Bíblica.

Num passado recente, dizia-se que o avanço da ciência e da tecnologia faria as religiões desaparecer. Ainda que o número de ateus possa ter aumentado, vê-se também um ressurgimento da religiosidade. O que explica essa explosão? Para os estudiosos, as pessoas ainda precisam da religião para lidar com as tragédias e acreditar que elas tenham algum propósito, algum sentido.

Foi isso que o professor de futsal Francisco Ludwig, conhecido como Francis, tentou encontrar depois das enchentes que castigaram Santa Catarina. Ele vive em Blumenau, é casado e tem três filhos. Sua vida mudou na noite de 23 de novembro, quando as chuvas destruíram sua casa e a de quase todos os seus vizinhos. Francis levou os desabrigados para o Colégio Shalom, ligado à Igreja Batista, onde ele leciona. “Chegamos a acolher 120 pessoas ao mesmo tempo”, afirma. “Procurei motivá-las. Dizia que Deus quer nos mostrar que devemos ser solidários e humildes.” Segundo ele, o tempo de convivência no abrigo serviu para unir as pessoas. Muitas que se conheceram ali se tornaram amigas e foram morar juntas – seja pela amizade, seja para dividir os gastos enquanto a situação continua precária.

A solidariedade e a humildade evocadas por Francis para consolar os desabrigados reunidos no abrigo estão na base dos ensinamentos de Cristo. São valores que tendem a unir as pessoas para enfrentar situações trágicas. Nos momentos em que a finitude da vida se revela de forma brutal, é comum que elas superem as diferenças e as barreiras religiosas para se ajudar mutuamente. Em muitos casos, a tragédia não apenas aproxima as vítimas umas das outras; também as aproxima da fé. O Natal, celebrado como uma festa em que as famílias se reencontram e os amigos se unem, permite reforçar os laços afetivos, criando a perspectiva de que não se está sozinho. “O fato de centenas de milhões de pessoas estar comemorando juntas uma data, em comunhão, ajuda na superação porque traz a noção de pertencimento”, diz Jacob Goldberg, professor convidado da faculdade de medicina da University College London, da Inglaterra, e autor do livro A Clave da Morte (editora Maltese). “É uma força para superar o luto.”

Há tragédias pessoais que questionam as crenças mais profundas. “A fé que dispensa a dúvida vira extremismo”, afirma Oneide Bobsin, teólogo, professor de Ciências da Religião e reitor das Faculdades EST (antiga Escola Superior de Teologia) de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul. Para ele, “certeza e incerteza são os dois lados da mesma moeda do poder da fé”. Esse parece ser o caso de Luiz Alberto de Vasconcellos Filho, de 53 anos. Nascido no Recife, Lulinha, como é conhecido, é dono de uma imobiliária no Guarujá, litoral paulista. Casado há 28 anos, ele descobriu ter hepatite C em 1992. “Tinha mal-estar, fraqueza. Fiquei ‘para baixo’. Passei a beber e piorei. O meu organismo já não agüentava mais o tratamento. Eu estava muito debilitado”, diz Lulinha. Só neste ano, ele foi internado oito vezes. “Às vezes, fico um pouco depressivo. Sem paciência. Mas vou vivendo, aos trancos e barrancos. Nunca pensei em desistir.” Lulinha afirma confiar no médico que o acompanha, doutor Sergio Mies. “Sabe o apelido que eu dei a ele? Deus. Não tenho religião. Tenho inveja de quem tem fé numa religião. Estudei em colégio de padre. s Temo a Deus. O doutor Sergio é o meu Deus”. Salete, a mulher de Lulinha, diz que, embora afirme não ter religião, o marido anda com uma santinha pendurada no pescoço, presente da mãe. “Eu tenho muita fé”, diz Salete. “Sou católica. Rezo. A mãe dele também reza muito. Acho que essa corrente de orações e pensamentos positivos em torno dele ajuda”, diz Salete. “Neste Natal, o nosso pedido é muita saúde. Vamos abrir a Bíblia, fazer uma oração e pedir a Deus que arrume um fígado para o Lulinha o mais rápido possível.”

A perseverança que leva Lulinha a lutar pela vida (ele afirma ter gastado R$ 600 mil em tratamentos desde que descobriu a doença) é uma característica das pessoas resilientes, que conseguem enfrentar situações difíceis sem se desestruturar. “Resiliência é quando a pessoa supera uma tragédia ou uma crise e consegue voltar para o trabalho, para as relações sociais e afetivas”, diz Kátia Monteiro de Benedetto Pacheco, psicóloga do Instituto de Reabilitação do Hospital das Clínicas de São Paulo. “Não significa que a pessoa não sofra. Ela sofre. Mas consegue continuar desempenhando os papéis de antes. Às vezes, até revê seus valores.” Para Esdras Guerreiro Vasconcellos, psicólogo e professor de pós-graduação do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, o resiliente torna-se mais humano após passar por uma grande dificuldade. “Ele tem uma crença inabalável na vida”, diz Esdras. “O resiliente passa por crises. Mas se renova e se revitaliza na própria crise.”

O caso do ex-caminhoneiro Luiz Paciani, de 58 anos, ilustra essa situação. Ele sofreu um acidente na estrada, no interior de São Paulo, no dia 14 de março. Sofreu duas amputações na perna direita. “Pelo jeito que ficou o caminhão, acho que tive muita sorte nesse acidente. Não pensei que fosse morrer. Também não tive medo. Nunca senti medo da morte. Nem penso nisso”, diz. O acidente impôs limitações a sua vida. Ele não pode dirigir. Também foi obrigado a abandonar as partidas de futebol que disputava quase todo domingo. “Substituí o futebol por baralho. Todo domingo vou ao clube. Os meus amigos perguntam: ‘Vai jogar futebol?’. Eu respondo: ‘Não. Esqueci a chuteira’.” Luiz diz não se importar com a aparência. “Não estou nem aí se as pessoas ficam olhando. Vou à praia, à piscina, ao sítio, festa, casamento, ando de shorts. Não tenho vergonha nenhuma”, afirma. “Tenho fé. Acredito em Deus. A fé me ajudou. Não imaginei que eu fosse reagir bem depois do acidente. Olho mais para o futuro. Não fico pensando no passado. Estou abismado comigo mesmo. Penso em seguir a vida. Colocar prótese, comprar um carro adaptado e voltar a dirigir.”

Para os especialistas em resiliência, desenvolver a capacidade de vislumbrar o que pode ser feito para se adaptar à nova realidade independe da fé – mas, quando existe, a fé pode ajudar a enfrentar situações difíceis de maneira mais positiva. “A pessoa que usa a religião como um apoio, para se fortalecer e procurar superar os obstáculos, terá um melhor resultado na resiliência”, diz Kátia Pacheco, do Hospital das Clínicas.

A trabalhadora rural Cacilda Galante Ferreira, de 37 anos, ficou conhecida no Brasil inteiro por sua obstinada luta para preservar a vida da filha, Marcela. A menina nasceu sem o córtex cerebral, mas permaneceu viva por 1 ano e 8 meses. Depois da morte da filha, em agosto, o diagnóstico de anencefalia foi questionado e alguns médicos disseram que Marcela sofria, na verdade, de merocrania, malformação rara em que há apenas resquícios do tecido cerebral. Qualquer que seja a verdade científica, ela não diminui em um milímetro a força do exemplo de Cacilda. “Não chorei nem um segundo desde que recebi a notícia de que ela tinha uma doença rara”, diz ela. “Fui eu quem consolou a família quando ela foi embora. Sinto muitas saudades. Mas tristeza não.” Cacilda vive hoje num sítio na área rural de Patrocínio Paulista, no interior de São Paulo. Quando Marcela estava viva, ela e a mãe moravam na cidade. O quarto da menina, com seu berço e brinquedos, até hoje não foi desmontado. “Quero passar o Natal lá para me sentir mais perto dela. Quando sinto saudades da Marcela, aperto o peito bem forte, respiro fundo e começo a sentir o cheiro dela. Para mim, a Marcela não morreu. Ela continua viva dentro do meu peito”, diz. Católica, Cacilda afirma que a fé foi fundamental para superar os momentos mais delicados. “Aceitei de coração e sabia que Deus me recompensaria de alguma maneira. Essa foi a vida que Deus deu para ela, mesmo que durasse um minuto. Deus foi muito bom de deixar ela viver comigo tanto tempo. Eu costumo dizer que a Marcela é a minha pedra preciosa, que eu lapidei com muito carinho e entreguei bonitinha para Deus. Um dia a gente vai se reencontrar.”

A esperança de Cacilda, que acredita num reencontro com a filha em outro plano, é o alimento para aceitar uma situação sobre a qual ela não tinha controle algum. “Isso ajuda a pessoa a suportar e até a vencer situações”, diz o teólogo Oneide Bobsin. “A pessoa acolhe a vontade divina, seja ela qual for. Nessa perspectiva, é possível superar as adversidades a partir da fé. Mas não há uma garantia de sucesso.”

Embora alguns religiosos afirmem que a atual celebração do Natal, com sua vertente consumista ofuscando o teor espiritual, tenha perdido parte do significado, é inegável que a data preserva o sentimento de esperança. “A consciência do mistério, o respeito àquilo que desconhecemos, pode significar alegria, renascimento e esperança”, afirma o psicólogo Jacob Goldberg. “O espírito natalino é fundamentalmente a esperança”, diz o padre Juarez Pedro de Castro, da Arquidiocese de São Paulo. “É uma força que Deus coloca dentro da gente que faz com que nós possamos nos levantar, nos reerguer.”

De maneira paradoxal, o Natal pode ser também uma fonte de frustrações. Segundo o psiquiatra Sérgio Felipe Oliveira, professor de Medicina e Espiritualidade da Universidade de São Paulo, é a época do ano com maior número de surtos psicóticos, suicídios e situações de violência. Como as festas de final de ano são datas que costumam ser alegres, quem está de luto tende a se sentir excluí­do. “É importante encontrar um espaço para a dor nesses momentos”, diz a psicóloga Valéria Tinoco. “É bom falar da pessoa querida, marcar a ausência ajuda. Fingir que nada aconteceu é ruim.” Para evitar sentimentos extremados, Sérgio Oliveira, que é espírita, recomenda buscar a renovação em si próprio, nos gestos que estão ao alcance de cada um. “Quem perdeu um parente querido pode se envolver com projetos de caridade”, afirma. “Procurar uma causa social ajuda muito: fazer o Natal num orfanato, num asilo. É uma idéia que tem muito mais afinidade com Cristo e que traz um consolo.”

O Natal pode ser também o momento de exercer o perdão, como fazem, ou tentam fazer, alguns dos personagens que aparecem nesta reportagem. A fé não precisa se expressar numa linguagem religiosa. Já no século XVI, o pai da Reforma Protestante, Martinho Lutero, dizia que aquilo em que se põe o coração pode se transformar em seu Deus – religioso ou não.

LUTO

“Todo momento é difícil”
A família e a religião ajudam Ana Carolina a suportar a dor pela perda de Isabella

“Já se foram quase nove meses e a cada dia é mais difícil acreditar, e entender, o que aconteceu. Todos os momentos são difíceis, desde o amanhecer até o anoitecer. Nossas rotinas foram quebradas. Estarei em casa, com minha família, mas será um ano diferente. Eu sempre gostei de Natal e passava todos esses momentos com a minha filha. Montávamos a árvore, escrevíamos a cartinha do Papai Noel. Tentava mostrar para a Isabella o verdadeiro espírito do Natal, nada material, e sim a história do menino Jesus. É triste demais saber que mais um dia vai passar e ela nunca mais vai voltar.”

ESPERA

“Meu médico é Deus”
Na fila do transplante de fígado, Luiz Alberto jamais perdeu a vontade de lutar pela vida

“Quem tem hepatite C vai vivendo e sabe que, um dia, vai precisar fazer um transplante. Quem não consegue matar o vírus morre. Só neste ano, fui internado oito vezes por causa de infecções no pulmão e no abdome. Já me acostumei a sofrer. Mas fico na expectativa do transplante. Às vezes, fico pensando se esse é o meu carma. Se sou um predestinado. Mas uma batalha eu já ganhei: estou vivo. Confio muito no meu médico. Sabe o apelido que eu dei a ele? Deus. Ele vai me salvar.”

UNIÃO

“Deus nos quer solidários”
O professor Francis Ludwig fez de uma escola um abrigo que uniu os flagelados de SC

“Chovia demais em 23 de novembro. Acolhi mais de 25 pessoas na minha casa, num dos bairros mais atingidos de Blumenau, a 50 metros do Colégio Shalom, onde trabalho. O barranco atrás da casa cedeu e derrubou o muro. Passei a coordenar um abrigo no colégio. Procurei motivar as pessoas, apresentar uma vida que é possível. Isso aconteceu porque Deus queria nos mostrar que devemos ser solidários e humildes. Se a gente não tiver sonhos, não pensar no futuro, a tendência é desanimar. O Natal é um período de reflexão. Temos de traçar metas e correr atrás. Muitas pessoas saíram do abrigo fortalecidas.”

RESILIÊNCIA

“A fé me ajudou”
Vítima de um acidente, o ex-caminhoneiro Luiz Paciani segue otimista

“Perdi muito sangue. Para me tirar dali, foram uns 40 minutos. Mas sabe que não fiquei desesperado? Pelo jeito que ficou o caminhão, tive muita sorte nesse acidente. Não sei de onde tiro forças. Minha família é muito boa. Muito unida. Não imaginei que eu fosse reagir bem depois do acidente. Estou abismado comigo mesmo. Penso em seguir a vida. Colocar a prótese. Voltar a dirigir. Comprar um carro adaptado. Tenho planos. Este é o primeiro Natal depois do acidente, A comemoração vai ser legal. Eu sempre fazia uma farra. Vou inventar alguma coisa.”

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